O PASSADO – Le Passé

Opinião
O Passado não é um filme de grandes bilheterias, muito embora mereça cada centavo do seu ingresso. É filme de pessoas comuns, que passam por problemas de relacionamento. Que tomam decisões equivocadas e transformam a vida de quem está por perto. Por isso ganha destaque e oferece algo para sairmos da zona de conforto. O cinema iraniano tem esse viés forte, marcante e provocador do comportamento humano. Portanto, prepare-se para um filme sobre resoluções de conflitos.
Nem tudo é tão distante assim. Olhando o cartaz, há caras conhecidas. Bérénice Bejo ganhou o Oscar pelo lindo filme mudo O Artista; Tahar Rahim é um expoente do cinema francês, sempre com personagens árabes muito fortes. Recentemente atuou em Grand Central, mas é mais conhecido por seu papel em O Profeta. E o diretor Asghar Farhadi é o mesmo do ótimo Procurando Elly e de A Separação, que foi superpremiado mundo afora, com o a profunda questão do drama do divórcio em uma família iraniana, com todas as questões relacionadas à religião e ao papel da mulher na sociedade muçulmana.
O Passado pode não ser tão arrebatador como A Separação – talvez por não ter a presença forte da questão religiosa – mas nem por isso perturba menos. Marie é francesa, quer oficializar o divórcio com o ex-marido Ahmad, que vai de Teerã a Paris para assinar os papéis. Depois de quatro anos sem se ver, Ahmad sente a tensão permanente no ar e sua interferência é inevitável, principalmente com a jovem Lucie, sua ex-enteada. O que se segue é um processo de busca profunda pela razão de tanta dor, desentendimento e falta de comunicação. Atual, pertinente e bem representado na tela esse tema tão universal. Não tem nenhum super-herói, mas tem gente como a gente.
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