SAMBA

Cartaz do filme SAMBA

Opinião

Quando estiveram no Brasil em maio para falar de Samba no Festival Varilux de Cinema Francês, Olivier Nakache e Eric Toledano não conseguiram escapar da comparação. Eles também são os diretores de Intocáveis (2012), a produção francesa mais vista fora da França, com 25 milhões de espectadores. E é justificável: a história da amizade entre o negro imigrante da periferia e o tetraplégico milionário é realmente uma pérola.

Agora a dupla surge com um tema parecido: também tem imigrante ilegal, também tem riso e emoção. Mas, segundo eles, este não é um gênero, nem uma tendência. É a maneira deles de falar das coisas da vida, da realidade do mundo atual, das relações. O que era em Intocáveis um drama cômico, aqui vira uma comédia dramática. Com toque de brasilidade, a começar pelo título Samba.

Diferente do que muita gente pensa, não se trata de uma história sobre o samba. O personagem vivido pelo (incrível) ator Omar Sy (também em Intocáveis, Jurassic World) chama-se Simba Cissé: um imigrante do Senegal, que não consegue regularizar sua situação na França e por isso não arranja um emprego estável. Encontra a executiva Alice (Charlotte Gainsbourg, também em A Árvore, Melancolia, Anticristo), que está estressada com o trabalho, pede um afastamento e resolve prestar serviço numa ONG que ajuda a recolocar imigrantes no mercado de trabalho. Simba tem o mesmo jeitão simpático, espirituoso e divertido que apresenta em Intocáveis; Alice já é mais fechada, mas pela primeira vez Charlotte faz um papel mais leve e solto. A dupla tem liga e cai muito bem, ainda mais porque compõe com o amigo Walid (Tahar Rahim, também em O Profeta, O Passado, Grand Central): também imigrante, um sujeito alegre e brincalhão nato, que sabe um pouco de português, adora música brasileira e reveste o filme do tom familiar que logo identificamos.

Pra quem ainda acha que filme francês tem que ser sério e sisudo, precisa inovar e sair do comum. Começar por Samba é uma boa pedida: equilibra bem o drama com a comédia e mostra que os franceses são bons sim em tratar das questões humanas – sem que para isso tenham que fechar a cara.

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