CAROL

Cartaz do filme CAROL

Opinião

O mais impressionante de Carol é a direção de arte. Impecáveis os figurinos dos anos 50, toda a ambientação por onde circulam Therese, a jovem balconista, e Carol, a elegante aristocrata. Claro que sem uma forte atuação de Cate Blanchet (também em Blue Jasmine, Babel) e Rooney Mara (também em Terapia de Risco, Os Homens que Não Amavam as Mulheres), essa beleza plástica não teria tanto brilho assim. O problema é que falta realismo – e isso faz com que o filme seja um “quase”.

O romance é proibido: Carol está se separando do marido, precisa garantir a guarda da filha, mas não resiste aos encantos da moça que conhece numa loja de departamentos. Therese é uma jovem simpática e prestativa, que mantém um relacionamento acomodado, vai na lábia da chiquérrima Carol e é incapaz de dizer não aos seus convites. Tudo parece uma pintura, os diálogos são frios e falta aquele toque de impulsividade que seria natural numa relação como esta: nos anos 50, pensar no relacionamento entre duas mulheres de classes sociais e idades diferentes, era um verdadeiro escândalo. Seria preciso muita química pra fazer o romance realmente rolar.

E se for pela química, não é o forte de Carol – adaptado do romance de Patricia Highsmith, publicado na década de 50. O trunfo, que rende indicação às duas atrizes para o Oscar, é a atuação delas na construção destes personagens calculistas, que medem as palavras e gestos – como se para não ofender o espectador. Poderia ser mais natural – ou talvez seja uma maneira de tratar o assunto proibido com a discrição necessária para aquele tempo. O que equilibra é o seu papel como mãe, que finalmente deixa o afeto extravasar, as máscaras caírem e o lado humano ser mais forte do que a embalagem – quem se lembra da expressiva Cate Blanchett em Blue Jasmine, pode imaginar algo do lado oposto, o que não deixa de ser uma atuação e tanto. De qualquer forma, Carol é um lindo filme, indicado ao Oscar de melhor figurino, fotografia, trilha sonora e roteiro adaptado, que vale o seu ingresso de cinema – ver na telona faz toda a diferença.

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