LA COCINA

Cartaz do filme LA COCINA

Opinião

Amantes dos filmes que têm gastronomia como pano de fundo, voilà mais uma cozinha caótica pra simbolizar as neuroses das relações humanas. LA COCINA, do mexicano Alonso Ruizpalacios (também de MUSEU) mostra como funciona os bastidores da cozinha do restaurante The Grill, em Manhattan, normalmente cheio de turistas e, onde se prepara a comida, cheio de imigrantes.

Baseado na peça de Arnold Wesker, LA COCINA passa pela linguagem dos monólogos e divagações longas demais, nos lembrando que estamos, de fato, assistindo a algo teatral. Interrompem o rompante de descontrole que faz o filme ter sabor. Mesmo que amargo e com pitadas generosas de tragédia, o teor caótico da vida dos funcionários é o que compõe o quadro da complexidade das relações.

Tudo começa com Laura, uma garota mexicana que procura trabalho porque já conhece Pedro, um imigrante funcionário do restaurante, que conhece sua família no México e que, supostamente, a ajudaria a se estabelecer no emprego. Pedro não tem documentos, muito menos Laura. Rashid, o dono, promete ajudá-lo a deixar os papéis em ordem. Mas Pedro não cabe dentro de si, nem das exigências de um restaurante que precisa funcionar: se apaixona por Julia (Rooney Mara), garçonete americana, que não banca esse namoro com um clandestino, faz um aborto e perturba a já instável mente de Pedro, que é intempestivo e tem um gênio do cão.

Caos armado com a suspeita de um roubo no caixa do restaurante. Em efeito dominó, as peças vão caindo e já sabemos que é um caminho sem volta. Um pouco longo demais pra esse formato, que é preto e branco, trabalha com a proporção de tela que dá a sensação de beco sem saída, mas tem seu brilho bem interessante. Os planos fechados reforçam esta noção de caos de uma situação que vai se afogando num rompante de dia de fúria culinária.

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