PRAIA DO FUTURO

Cartaz do filme PRAIA DO FUTURO

Opinião

A começar pela polêmica da coletiva de imprensa, é preciso dizer que o filme não é sobre homossexuais. A pergunta de um jornalista gerou um burburinho, com razão. A sexualidade dos personagens não é tema, assim como não é para ser tema a vida pessoal de nenhum ator ou diretor. A profundidade do drama do diretor Karim Aïnouz (também de Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo) é humana, independente de quem seja essa pessoa. É universal.

“Um ator não se prepara para viver um personagem gay”, diz Wagner Moura, o ator versátil e absolutamente dono do filme e da coletiva. “O simples fato de uma pergunta dessas vir à tona já mostra o quanto as pessoas estão equivocadas, quanto são invasivas”, completa. De fato. Praia do Futuro conta a história de um salva-vidas (Wagner Moura, também em Serra Pelada, A Busca, Elysium), que se apaixona por um turista alemão (Clemens Schick) em Fortaleza, e segue para a Alemanha em busca do amor, mas principalmente em busca de si próprio. Anos mais tarde, seu irmão Ayrton (Jesuíta Barbosa, também em Tatuagem) embarca para Berlim para ter notícias do irmão que nunca mais voltou.

Com planos longos, mais silêncios do que diálogos, Praia do Futuro não é para qualquer um. Denso, explora mais a busca interna do personagem Donato por uma identidade e liberdade, do que a relação com seu parceiro, Konrad. Explora a natureza colorida e exuberante da praia cearense, em contraste com o frio acinzentado alemão. Quem curte o trabalho de Moura, cujo próximo trabalho é viver Pablo Escobar, o temido traficante colombiano, em uma série de televisão, vai ver que atores talentosos como ele são poucos. E ele ainda diz que Donato é o seus personagem mais parecido com o Capitão Nascimento, de Tropa de Elite. É o mais viril. O que de novo é um tapa de pelica nos preconceituosos de plantão.

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