PÁSSARO BRANCO NA NEVASCA – White Bird in a Blizzard

Cartaz do filme PÁSSARO BRANCO NA NEVASCA – White Bird in a Blizzard
Direção:
Ano de lançamento:
Gênero:
Estado de espírito:
Duração:

Opinião

O fato concreto é que a mãe de Kat (Shailene Woodley, também em Os Descendentes, A Culpa é das Estrelas, Divergente) desaparece de repente; a real questão não é o desaparecimento de Eve (Eva Green, também em Sentidos do Amor). O que está em jogo em Pássaro Branco na Nevasca é justamente aquilo que não se consegue enxergar: embora negue, Kat não consegue conviver com o sumiço da mãe. A tumultuada relação mãe e filha cria um buraco na vida da jovem que nada mais pode preencher. O que está em jogo, apesar do tom de suspense e da investigação pelo paradeiro de Eve, é o vazio deixado em Kat e a necessidade de desvendá-lo para enfim seguir adiante.

Portanto, não fique na superfície dos fatos prováveis, óbvios e até um pouco fantasiosos. Mergulhe nos olhares exagerados de Eve, no clima marcante dos anos 50 (na caracterização e no comportamento da esposa-padrão dona de casa), nas lembranças nebulosas da infância e nos sonhos da filha que procura a mãe na nevasca, toda vestida de branco. Tudo isso faz parte da composição do que parece ser o psicológico, o rito de passagem da adolescência para a vida adulta, o desprendimento das frustrações dos pais, a projeção das expectativas que a mãe joga instintivamente na filha.

Existe o suspense, mas o que fica – e o que é realmente interessante no filme – está nas entrelinhas: a relação de Kat com as amigas, o romance com um homem mais velho, enquanto a figura de seu pai é praticamente insignificante, a convivência com ela mesma quando não consegue tocar a vida adiante sem entender onde sua mãe se encaixa na sua história de vida.

Shailene Woodley está no auge. Brilhou discreta e genuinamente como a filha de George Clooney, fez sucesso com a adaptação do livro de John Green e usufruiu dessa onda favorável na trilogia juvenil Divergente. É talentosa e aqui mostra que seus dotes vão além do rosto bonito. A personagem Kat consegue combinar a pretensa autossuficiência adolescente e aquele ar de quem finge não se importar com nada, com emoções contidas que uma hora acabam transbordando. Tem algo que me lembra As Vantagens de Ser Invisível, que também passeia por essa passagem da vida e fica bem mais bacana com uma leitura fora da caixa.

Trailers

Comentários