118 DIAS – Rosewater

Cartaz do filme 118 DIAS – Rosewater

Opinião

Nunca é demais lembrar a encrenca em que estamos metidos. Rosewater, traduzido no Brasil por 118 Dias, aconteceu, é real e não é difícil de acreditar. Basta ver o que é noticiado todos os dias: jornalistas sequestrados, decapitados, queimados em praça pública, desaparecidos. Segundo o site do portal Jornalistas Sem Fronteiras, 69 jornalistas foram assassinados em todo o mundo em 2014; este ano já começamos mal, com 14 até agora, inflacionado pelo atentado terrorista ao jornal Charlie Hebdo.

Quem quiser checar, é bem interessante. O portal traça um panorama assustador do terror a que são submetidos os jornalistas em alguns países como Irã, Síria e Sudão. Faz uma lista de periculosidade dos países e deixa claro que agir contra a corrente política em países autoritários e teocráticos não é algo fácil – muito menos inofensivo.

E foi exatamente isso que o personagem de 118 Dias fez. Em 2009, escalado pela revista Newsweek para cobrir as eleições no Irã, o jornalista iraniano, radicado na Inglaterra, vai à Teerã para entrevistar o candidato da oposição Mir-Houssein Mousavi. Mas quem ganha é a situação, liderada por Mahmoud Ahmadinejad. Em protesto contra a suposta fraude, os simpatizantes de Mousavi saem às ruas para contestar os resultados, Maziar Bahari filma as passeatas e manifestações, e envia o arquivo para a BBC.

A partir daí, as autoridades iranianas deduzem que o jornalista é um espião da CIA e o mantém preso por 118 dias. Baseado em seu livro “Then They Came for Me: A Family’s Story of Love, Captivity, and Survival”, o filme foca nos interrogatórios e sessões de tortura sofridos na prisão Evin. Hoje, Bahari (Gael García Bernal, também em Diários de Motocicleta, No, Babel) é ativista e trabalha para ajudar na libertação de colegas que sofrem situações parecidas.

118 Dias não tem o suspense de tramas políticos como Argo, por exemplo, que também conta uma história de atentado terrorista. Mas vale seu ingresso porque nunca é demais parar para pensar que é preciso fazer alguma coisa. Nem que seja no seu microcosmo, a começar por ser mais tolerante e menos preconceituoso com quem está ao seu lado e pensa diferente. Já seria um bom começo.

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