O LEITOR – The Reader

Cartaz do filme O LEITOR – The Reader

Opinião

Quem já leu o que foi publicado na mídia sobre o filme – e não foi pouco, tanto por causa do seu lado polêmico, quanto por ter rendido o Globo de Ouro e Oscar de melhor atriz para Kate Winslet – assiste com olhos já tendenciosos, analíticos, atentos à questão do Holocausto. Li pouco  a respeito e foi melhor assim –  aproveitei o sabor de mistério da personagem da primeira parte do filme.

A história tem dois momentos distintos. O primeiro deles é o momento do Michael Berg (David Kross) jovem, ingênuo, protegido pela família de posses e fachadas, que aos 15 anos se apaixona e vive uma intensa relação com Hanna (Kate Winslet, de Titanic, Foi Apenas um Sonho) – uma mulher 18 anos mais velha, experiente, fria e misteriosa. Michael é o leitor do título do filme – entre uma e outra cena de sexo, ele lê em voz alta seus livros para Hanna, que faz desses dois momentos o mote de seus encontros. Até que um dia ela desaparece e o filme sai do romance para entrar na dura realidade.

O segundo momento é aquele em que Michael Berg já é um estudante de direito, vai assistir a um julgamento de ex-agentes da SS nazista, acusadas de terem sido coniventes e ativas no extermínio de prisioneiras judias. Uma das rés é Hanna. Nesse momento, o romance fica para escanteio e vem à tona a questão dessa geração que não participou da guerra, mas que carrega consigo o trauma da Alemanha do pós-guerra, de uma nação que viu a fumaça preta subir nos campos de concentração e dançou conforme a música. A partir daqui, o Michael advogado é interpretado por Ralph Fiennes (de O Paciente Inglês, O Jardineiro Fiel, A Duquesa, A Lista de Schindler). Gosto dele. Aquele olhar frio e intocável mostra bem a confusão que essa geração enfrentou. Com ele vem a questão da ética do comportamento daqueles que não ousaram mexer no vespeiro. E de crimes que podem (ou não) ter a sua fatia de perdão, de personagens cruéis que podem (ou não) ser humanizados.

É interessante trazer essas questões para o nosso dia-a-dia. Fiquei pensando nessa história de bancarmos uma opinião quando de fato acreditamos que ela é ética, estilo doa-a-quem-doer. Que preço tem isso? Ou melhor, isso tem preço?

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