FOI APENAS UM SONHO – Revolutionary Road

Cartaz do filme FOI APENAS UM SONHO – Revolutionary Road

Opinião

 

 

              “Suponhamos que a gente tivesse uma vida interessante aqui. Você continuaria desperdiçando seu tempo com um emprego insignificante?”

Uma pessoa me disse que se sentiu na pele de April, a personagem de Kate Winslet (também em O Leitor), ao ver o filme. Que passou por uma fase da vida em que a rotina a estava matando, em que não via sentido nem estímulo em continuar daquela forma, que precisava sonhar com algo mais interessante. Mudou de país e parece ter encontrado seu rumo. Mas nem sempre é assim. Ao assistir a Foi Apenas um Sonho entendi que April se sentia “dentro da média” e por isso achava não passar de uma típica dona de casa americana pobre de espírito, rasa, sozinha, medíocre. Paris lhe parecia a única opção – mas estava buscando a solução longe demais.

Leonardo di Caprio e Kate Winslet, o casal de Titanic, formam o protótipo da família americana nos anos 1950, com uma boa casa no subúrbio, em Revolutionary Road, filhos, vizinhos, estabilidade, um trabalho insignificante, rotina e mais rotina. Ela quer ser atriz, fugir das amarras e regras sociais da época; ele ganha bem, mas faz um trabalho chato, dentro do conformismo habitual. Um casamento que começa apaixonado, é depois capaz de levá-los à loucura – literalmente.

Não é um filme manso. Não mesmo. É forte e me deixou até perturbada com a intensidade da atuação. Mostra a faceta do casal que acha sua vida desinteressante, que se desespera com a falta de perspectiva. Como se somente a mudança física pudesse ser a tábua de salvação das questões internas. Vale dizer que ironicamente quem tem a cabeça mais ajustada e pensamento mais claro é John, o vizinho tido como mentalmente desequilibrado. É dele que vem a lucidez que falta ao casal – e que toca fundo, gerando algumas das cenas mais intensas e marcantes do filme.

Baseado no livro homônimo de Richard Yates, Revolutionary Road é dirigido por Sam Mendes, marido de Kate Winslet e diretor também de Beleza Americana. Ele questiona a chamada “zona de conforto”, a “escolha do caminho mais fácil”, o conformismo que atinge o casal, que já se sentiu especial e merecedor de uma vida no mínimo interessante. Tudo depende do que significa ‘uma vida interessante’ para você.

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