NÃO OLHE PRA TRÁS – Danny Collins
Opinião
Definitivamente, o tema está na moda. Ou melhor: achar que o showbiz é só alegria é que deve estar fora de moda. A gente se esquece, mas nem tudo são flores e os bastidores do mundo das celebridades deve ser mesmo um tanto quanto complexo – assim como o nosso. O curioso é como este assunto tem aparecido e como está em voga. Deve ser pela incidência alta do tema: a dificuldade dos atores de lidar com a chegada da idade, com o fim da fama e a perda do lugar nos palcos.
Foi assim com Birdman, depois com Mapa para as Estrelas, com O Último Ato (também com Al Pacino) e agora com Não Olhe Pra Trás. Em cartaz, todos mostram os excessos e as lacunas emocionais deixadas por tanto ego inflado. O protagonista agora é o cantor Danny Collins: um sujeito brega que canta há décadas as mesmas músicas, que não se identifica com seu público nem com suas canções, que se rendeu aos encantos do dinheiro, da promessa de eterna juventude e da fictícia “casa cheia de amigos”. Até que resolve virar a mesa e mudar de vida, quando descobre que John Lennon lhe escreveu uma carta inspiradora há 40 anos.
O que acontece é transformador. Da sua maneira – mas com sinceridade e transparência na suas limitações, Collins tenta recuperar os anos perdidos: tenta se reencontrar com a família, fazer amigos fora dos holofotes, buscar a sua música genuína, procurar o seu novo lugar ao sol. Num misto gostoso de graça e emoção, Não Olhe Pra Trás ganha esse título justamente por causa deste movimento. Independente de quanto tempo se perdeu, de nada adianta se lamentar. Melhor fazer acontecer. E essa é a melhor parte do filme: as coisas que acontecem, e não o seu resultado. Portanto, mãos à obra. O que vai ser possível com a mudança é um outro problema. O transformador é a atitude.
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