ERA UMA VEZ EM… HOLLYWOOD – Once Upon a Time in… Hollywood

Cartaz do filme ERA UMA VEZ EM… HOLLYWOOD – Once Upon a Time in… Hollywood

Opinião

Ao apresentar diretor e atores na entrevista coletiva do filme no Festival de Cannes, o jornalista Henri Béhar faz a observação que diz tudo – ou quase – sobre este novo filme de Quentin Tarantino. “Poderíamos ter uma cadeira vazia aqui para um dos principais personagens deste filme: Hollywood – pelo trabalho, fama, estado de espírito da época, lugar em si”, diz ele. Era Uma Vez Em… Hollywood é um retrato amoroso e nostálgico, de quem olha com uma lente do distanciamento, tem uma vida passada no cinema e fala da decadência, da crise existencial, da fama, do dinheiro com absoluto conhecimento de causa.

Quentin Tarantino, no seu nono filme, fala do final dos anos 1960 com base no assassinato da atriz Sharon Tate, mulher de Roman Polanski, grávida de oito meses, por seguidores de Charles Manson, líder de uma seita que atraiu jovens de todo o país pra viver em comunidade, usar drogas e pregar o amor livre. Uma história maluca, de que pouco se sabe – ou se explica. Segundo Tarantino, falar da tragédia depois de 50 anos é fascinante justamente por ela continuar sendo obscura e absurda.

Mas a história de Tate é paralela à jornada do ator de filmes de faroeste, Rick, e seu dublê, Cliff – Leonardo DiCaprio e Brad Pitt. Rick está em decadência, inseguro com o futuro da carreira, conta com Cliff pra tudo, inclusive pra resolver seus problemas particulares. Cliff mora num trailer; Rick, nas colinas de Hollywood, vizinho de Tate (Margot Robbie). Diferente do estilo Tarantino que vai pincelando violência na mesma medida que despeja sátiras e ironias, em Era Uma Vez Em… Hollywood Quentin usa, com absoluta calma e sem pressa, o tempo pra mostrar como pensam, se comportam, se relacionam. Inclusive Hollywood – como personagem. Climax e violência são condensados, quase como a cereja do bolo numa festa surpresa. Mas o recheio – saboroso, embora longo – é da observação, da vida cotidiana, de qualquer ordinário ator ou frequentador dos estúdios de Hollywood. Se é que tem algo de ordinário nisso. Em Tarantino, não tem.

Segundo DiCaprio na entrevista, o filme é “uma carta de amor aos outsiders do cinema”. Isso – uma carta agridoce, de quem dá de cara com a realidade e perde a inocência.

 

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