DIVINAS DIVAS

Cartaz do filme DIVINAS DIVAS

Opinião

Depois de Divinas Divas, você nunca mais vai olhar para um travesti da mesma maneira. Claro que não. Leandra Leal, atriz e agora diretora, herdou o teatro Rival do seu avô, onde as oito artistas travestis, entre elas Rogéria e Divina Valéria, começaram a carreira e agora comemoram 50 anos de palco. Na montagem do espetáculo para festejar, Leandra acompanha os ensaios e as conversas, resgatando a trajetória de cada uma delas. Humano e elegante, o documentário nos convida a refinar o olhar e deixar o preconceito de lado – em todas as searas da vida.

Simpáticas e divertidas na entrevista de divulgação do filme, Valéria solta esta pérola e diz tudo: “Não penso se sou homem ou mulher. Sou artista”. Arte e vida se misturam, sem que pra isso seja preciso colocar as pessoas em rótulos. Sempre focada e concentrada, Leandra é um talento nato. Divinas é absolutamente feminino e minha pergunta foi nesse sentido. O que ela fez pra conseguir isso? “O filme é baseado na admiração que eu tenho por essas mulheres”, diz a diretora, também atriz de vários filmes como O Rastro, O Lobo Atrás da Porta, Mato Sem Cachorro. Pode ser por isso que o filme não pega para o lado da sexualidade, da vulgaridade, ou de qualquer outro aspecto que seja negativo. “Me centrei no fazer artístico, no teatro, que também é o meu ofício”, completa.

É isso, Divinas Divas é sobre o fazer artístico de oito homens (delicada e feminina a abertura do filme, que já sinaliza esse recorte simples e tão significativo), que se percebiam mulheres, subiram no palco para cantar e dançar, ganharam o mundo, foram percursores e cobaias do silicone e dos hormônios no Brasil, e fazem sucesso e shows até hoje, agora na casa dos 70. A mais famosa é Rogéria, conhecida por todos e parte do imaginário coletivo brasileiro. Desbocada, ela tem duas ótimas definições. Uma sobre o amor: “é tesão, mais coração, mais beijo na boca”. E isso independe de gênero ou orientação sexual. A outra, sobre si mesma: “Meu nome é Astolfo. Astolfo é gay. Rogéria é um personagem do Astolfo”. Cada um sabe do seu e Divinas Divas chega delicado, colorido e alegre. Como elas.

 

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