ATRÁS DA PORTA – The Door

Cartaz do filme ATRÁS DA PORTA – The Door

Opinião

Quem não se lembra da célebre relação entre patroa e empregada em O Primo Basílio, do romance do português Eça de Queirós? Enquanto Luisa mantém um caso extraconjugal com Basílio, a empregada Juliana faz chantagens tremendas e torna a vida da até então ingênua Luisa um inferno. Ao assistir a Atrás da Porta, lembrei-me logo dessa relação doentia de dependência apesar dos maus tratos. Ou será vice e versa?

É preciso dizer que quem torna essa relação extremamente marcante e aflitiva é Helen Mirren, que faz o papel da amarga Emerenc, uma senhora que trabalha como governanta na Budapeste de dos anos 1960, que ainda tenta se reerguer dos horrores da Segunda Guerra. Quando a escritora Magda (Martina Gedeck, também em A Vida dos Outros, O Grupo Baader Meinhof) a contrata para trabalhar na sua casa, a relação entre as duas evolui para uma dependência estranha, cheia de rancor e mágoa por parte de Emerenc, e de curiosidade e dependência por parte de Magda. Uma amizade às avessas, numa interpretação espetacular das duas.

O que há atrás da porta de Emerenc que ninguém pode ver? Há uma áurea de mistério nesse ponto, que vai se desvendar e explicar parte da sua amargura e da sua dificuldade de lidar com as pessoas e com a doação de afeto. Atrás da Porta é um drama essencialmente humano, também interessante do ponto de vista da construção da época e da capital húngara com suas ruas arborizadas e sua vizinhança parecida com uma cidade de interior. Helen Mirren já tinha dado amostras de sua genialidade em A Rainha. Com Atrás da Porta não fica sombra de dúvida.

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