ANNA KARENINA

Cartaz do filme ANNA KARENINA

Opinião

Anna Karenina de Joe Wright ganhou o Oscar de melhor figuro. Mais que merecido, mas este não é o seu grande trunfo. Além do cuidado primoroso com a estética do filme, com a reconstituição da Rússia imperial, Anna Karenina seria mais um lindo filme de época se não fosse o seu criativo formato teatral.

É justo perguntar: como assim? É cinema ou teatro? Os dois, mesclados de maneira harmônica e muito original. Para entender melhor, vamos aos personagens. Anna Karenina (Keira Knightley, também em Um Método Perigoso, Apenas uma Noite, Desejo e Reparação) é casada com o alto funcionário público Alexei Karenin (Jude Law, também em Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras, A Invenção de Hugo Cabret, 360, Um Beijo Roubado, Closer – Perto Demais). Vivem na Saint Petersburgo do final do século 19, rica e cheia de glamour para quem faz parte da seleta alta sociedade, mas num casamento frio e  protocolar. Tudo muito bem pensado para retratar a abundância e hipocrisia da era dos czares, antes de a Revolução Russa derrubar privilégios, palácios, riquezas. Até que Anna viaja para  Moscou, onde conhece um oficial da cavalaria (Aaron Taylor-Johnson) e coloca tudo a perder: sua reputação, seu filho, seu casamento, sua posição social.

Até aí, nenhuma novidade em termos de roteiro. O destaque é o ambiente teatral a que me referi. A repartição pública onde trabalha Alexei se transforma em restaurante com uma suave mudança de cenário, os funcionários viram garçons num piscar de olhos, realmente trocando o figurino na frente do espectador. O palco está fisicamente presente: vemos a orquestra tocar, os personagens encenarem, até que o palco se transforma em campo nevado, estação de trem, salão de festa e tudo mais que Joe Wright (também de O Solista, Desejo e Reparação) achou necessário para sair do lugar comum e compor a tragédia que se tornou a vida de Anna, inspirado no célebre romance de Tolstoy.

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