FRUITVALE STATION – A ÚLTIMA PARADA – Fruitvale Station
Opinião
Não tem como não lembrar da história do brasileiro Jean Charles de Menezes, assassinado por engano no metrô de Londres em 2005. Rendeu até filme, está aqui no blog, Jean Charles. A história é muito parecida: um sujeito é injustamente morto no metrô, sem que ao menos tivesse direito a defesa. Assassinato a sangue frio. Por policiais. A cena é filmada por alguns dos usuários do metrô, o que não deixa dúvida sobre a culpa da polícia.
O brasileiro foi confundido com um terrorista, que estava sendo procurado em Londres. O americano não. Foi agredido no metrô na noite de ano novo, por ex-colegas de prisão. Sim, havia passado uma temporada preso anteriormente, mas estava decidido a mudar de vida, firmar-se num emprego e cuidar da família. Leva uma surra, a polícia de Oakland, Califórnia, é acionada, a turma encurralada na estação de metrô Fruitvale. Todos negros, sob a pistola de policiais brancos. Confusão, protestos de que não tinham culpa de nada e um tiro. Atinge Oscar Grant III. 22 anos, pai de uma menina de quatro. Ele não resiste, morre no hospital.
Embora de dimensões semelhantes, Fruitvale Station – A Última Parada é um filme superior, sem dúvida. Michael B. Jordan como Oscar e Octavia Spencer, na pela de sua mãe, conseguem transmitir a intensidade do drama que deve ter sido aquela madrugada – e os anos anteriores a ela, em que o rapaz tentava reconstruir a vida. O lance do preconceito versus a simplicidade de Oscar e sua genuína gentileza é cruel e se torna ainda mais dramático à medida que sabemos que isso é a pura verdade. Frutivale Station foi premiado no Sundance Festival e exibido na categoria de Cannes que eu gosto mais, Um Certo Olhar (Un Certain Regard). E tem mesmo, um olhar dramático, humano, sensível, amoroso e realista, mostrando como a mente perversa e conturbada das pessoas funciona. E o tamanho do abismo social que existe.
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