UM BELO DOMINGO – Un Beau Dimanche
Opinião
Alguns filmes conseguem terminar, sem terminar. Deixam o final em aberto, para a sua apreciação. Será que ele fica com ela? Assume a criança? Ou ela volta para o pai? Recebe algum dinheiro ou abre mão de tudo? São perguntas que ficam em aberto e acho isso louvável. Um filme não precisa ser necessariamente pronto, com começo, meio e desfecho. Pode deixar sugerido, pode deixar implícito, mas dentro da cabeça de cada um, tudo pode acontecer.
Um Belo Domingo é assim. Apresenta uma bonita história de amizade, que vai crescendo, revelando seus conflitos, trazendo o passo à tona para terminar sem nos dar uma conclusão. Você monta a equação com os dados do filme, as emoções que ele provocou e sua história particular de vida. Baptiste é professor substituto do ensino fundamental. Cobre alguém que está de licença e quando o profissional volta, ele parte para outra escola, em outra cidade. Vida de nômade, sem se apegar a lugar nenhum, a ninguém.
Até que um dia um garoto sobra na escola, o pai esquece de buscá-lo e eles acabam passando o fim de semana juntos. A mãe do menino Sandra (Louise Bourgoin, também de A Religiosa, Um Evento Feliz), trabalha num restaurante na beira da praia, tem uma vida instável e também não pode ficar com o garoto.
Contar mais é tirar a graça da história. A convivência surpresa entre os dois acaba fazendo com que cada um enfrente seus medos e fantasmas do passado. É como se passassem a vida a limpo e realmente tomassem as suas rédeas, pudessem fazer escolhas. Singelo, sem pretensão, Um Bom Domingo toca naquele ponto delicado das diferenças familiares e das dificuldades de aceitação do inesperado. É bom para reflexão, além de sugerir muitas opções para o final da trama.
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