UGLY

Cartaz do filme UGLY

Opinião

Primeiro filme que assisto do diretor indiano Anurag Kashyap. É arrebatador. Pensa no cenário: Shalini é uma mulher deprimida, que só não se suicida porque é interrompida pela filha de 10 anos que quer atenção. Separada do pai da menina, é maltratada pelo segundo marido, um delegado de polícia machista e violento, que a trata feito lixo. Em seguida a menina sai com o pai, Rahul, um ator decadente que vai até a casa de um amigo por causa de uma audição, deixa a garota no carro enquanto sobe no apartamento e logo se dá conta de que a filha desaparece. Persegue um sujeito suspeito pelas ruas caóticas de Mumbai, que morre atropelado, e Rahul vai parar na delegacia para dar queixa do desaparecimento da filha. Refém da corrupção e ineficiência dos policiais, é acusado, pelo delegado, padrasto da menina e atual é marido de sua ex-mulher, de raptar a própria filha.

Ugly é um thriller psicológico alucinante, cheio de reviravoltas, que parte de um problema de ordem prática – encontrar a menina desaparecida – e vai entrando nos meandros das questões pessoais dos personagens. Nada é gratuito, os personagens são complexos, vão se revelando aos poucos e a gente vai entrando na trama, já não sabendo mais distinguir verdade de mentira. Aos poucos as motivações pessoais de cada um vão vindo à tona: o melhor amigo não é quem parece ser; o delegado encontra no caso uma forma de se vingar de Rahul por causa de problemas do passado; o poder e o dinheiro conduzem as relações familiares para o limbo do limbo. Parece que ninguém é capaz de se salvar.

Construído com cuidado e muita habilidade, é sobre o caos da sociedade corrupta e ineficiente, mas principalmente sobre o quanto o ser humano é capaz de detonar as relações por conta do egoísmo, orgulho ferido e inveja. Cheio, cheio de desesperança. Imperdível.

_ na Netflix

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