A RELIGIOSA – La Religieuse

Cartaz do filme A RELIGIOSA – La Religieuse

Opinião

Religião em pleno século 18 na Europa era algo incontestável. Havia um abismo – ou melhor, o inferno – entre o praticante e o ateu. Seria pura heresia. Entrar para um convento por ordem expressa dai família e confessar, na hora da sua ordenação, que não está pronta para fazê-lo e planejar a fuga do convento, era motivo de punição severa, algo como ficar presa numa solitária, passando frio e fome, pagando os pecados.

Livre arbítrio não é daquela época. A Religiosa traz essa realidade, lindamente retratada na ambientação da época, e tragicamente retratada pelos maus tratos sofridos por Suzanne (Pauline Etienne), nas mãos de madres superiores carrascas ou amorosas além da conta (Isabelle Huppert). A menina é obrigada a entrar no convento por causa das dificuldades financeiras da família, sofre com isso, sabe não ter vocação para a vida religiosa, diz a verdade, é brutalmente violentada verbal e fisicamente e trama a sua fuga.

Lembrei-me de O Monge, com Vincent Castel, que também mostra esse ambiente impositivo, embora seja mais sombrio. A Religiosa é mais uma tortura emocional, com um conceito distorcido da Igreja naquele tempo. Outra adaptação desse romance de Denis Diderot foi feita em 1966, época em que os colégios internos de freiras ainda eram comuns e em que a vida religiosa ainda era uma decisão da sociedade e das famílias. Agora, tudo isso ficou para trás e acho que, exatamente por isso, o filme é um registro interessante e muito bem trabalhado dos bastidores dos conventos.

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