TUDO PODE DAR CERTO – Whatever Works

Cartaz do filme TUDO PODE DAR CERTO – Whatever Works

Opinião

Para quem gosta do estilo Woody Allen de ver e retratar o mundo, tudo certo. Mesmo porque, por melhor que seja Vicky Cristina Barcelona (e de fato é muito bom), esse último filme do diretor não é um filme típico de Allen. É europeu, se passa em Barcelona e, portanto, não tem o característico clima de Nova York. Tudo Pode Dar Certo é novaiorquino e tem diálogos e o humor afiado – apesar de às vezes soarem um pouco artificiais na boca do protagonista.

Talvez por isso fosse melhor que Boris Yellnikoff estivesse na pele do próprio Woody Allen. Mas o rabugento, mal-humorado, hipocondríaco e contestador Boris é representado por Larry David, que consegue realmente compor um sujeito chato, cheio de manias e que não vê graça em nada que é trivial – às vezes ele fica chato até demais. É o protótipo de alguém que está fadado a ficar sozinho, simplesmente por ser incompatível com qualquer outra pessoa na face da Terra.

O que começa um pouco cansativo ganha humor e quebra o ciclo de reclamações e argumentos de Boris. Para quem tinha uma verdade suprema, Melodie (Evan Rachel Wood) surge trazendo outra realidade e outra forma de ver o mundo. Bem longe da faceta intelectual e acadêmica de Boris, introduz uma maneira ingênua, e até ignorante, que dá graça ao filme em situações triviais e até clichês – imagino que proposital, já que o próprio clichê em si é ironizado várias vezes no filme. Boris fala com a plateia para compor a comédia de costumes e levanta o questionamento da aceitação do diferente, da flexibilidade como uma saída para a convivência. Nem que isso signifique reinventar-se, mesmo que de forma previsível. Tanto melhor – se for mesmo para que tudo dê certo.

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