TONI ERDMANN

Cartaz do filme TONI ERDMANN

Opinião

Toni Erdmann não é um filme trivial, o que faz com que escrever sobre ele não seja tão simples assim. Dentro de todas as suas particularidades, tem uma que é comum a todas: o fato de o filme tirar a gente da zona de conforto. Causa estranhamento, não só o protagonista em si (fisica e emocionalmente), mas a maneira com que as pessoas se relacionam entre si, no trabalho, consigo mesmas. No fim das contas, é uma observação profunda do comportamento humano, na quebra de padrões, na solidão e no desconforto que sentimos intimamente na lida do dia a dia e no cumprimento das expectativas.

Inês é uma executiva, que tem a função inglória de despedir os funcionários e transferir as unidades de produção para países onde a mão de obra é mais barata. Tem um relacionamento distante com seu pai, que se sente sozinho, procura a filha, mas não encontra uma brecha na sua rotina atribulada. Pra romper a barreira, ele coloca uma peruca horrorosa e dentes postiços, aparece nos compromissos de trabalho de Inês se passando por Toni Erdmann – um sujeito que quebra todos os protocolos, causa constrangimento e busca o autêntico por meio do falso o tempo todo.

Assistir a Toni Erdmann é ser incomodado o tempo todo. Tem uma saia justa, um engessamento das relações e do comportamento de Inês que é visível praticamente o tempo todo. Um resistência à emoção e à demonstração de afeto – como se isso fosse fraqueza. Quando ele toca Greatest Love of All no piano e ela canta, é um momento em que a emoção finalmente sai. A arte quase sempre proporciona instantes de espontaneidade. Deveria ser usada mais vezes. É especial.

Trailers

Comentários