Opinião

Pode até ser que as crianças pequenas não entendam o que está por trás do nome esquisito da bruxa Anoréxica, mas com certeza entendem bem o que significa uma bolha de sabão. O momento mais bonito deste caprichado espetáculo é a hora do banho, quando a abelha Zuzu e sua turma cantam, dançam e afirmam que tomar banho é bom e gostoso, sim! As luzes do teatro se acendem e caem sobre as nossas cabeças bolhas de sabão de um banho que, além de necessário, pode ser muito divertido.

É essa a mensagem do espetáculo Zuzubalândia – O Musical – sem ser moralista. Tem coisas que não têm jeito na vida: tem que escovar os dentes, tem que comer fruta, verdura, legumes, alimentos de boa qualidade, preocupar-se com o excesso de peso, mas também com o peso reduzido demais, sem que para isso a vida precise ser chata. Em meio a tantas obrigações, as crianças podem – e devem – se divertir, comer um docinho, um sanduíche de origem mais borrachuda, uma pipoca, um brigadeiro. Que mal tem isso se for com moderação? Não é o que pensa a bruxa Anoréxica, que vive de regime, amaldiçoa toda e qualquer comida e, consequentemente, as cozinheiras do reino de Zuzubalândia. Por isso tenta fazê-las desaparecer e aí está montada a confusão dos personagens.

Criado por Mariana Caltabiano, o espetáculo apresenta os personagens da Zuzubalândia, um programa infantil criado inicialmente para a televisão e agora adaptado para o teatro. O mote é a comida e a qualidade do que se come. Vem a calhar, nesse universo de bombardeio de porcarias, publicidade dos produtos infantis e dificuldades de preparo de refeições em casa. O legal é que não crucifica o chocolate, o doce, o macarrão. Apenas pede atenção e moderação. Ainda bem, senão a infância ficaria muito chata e com tantas exigências em cima das crianças hoje em dia, tornar o brigadeiro o vilão da história seria uma hipocrisia.

Para todas as idades sim, mas claro que as crianças menores, até 10 anos, se encantam mais. De qualquer forma, tem figurino cuidadoso, direção musical linda, elenco cativante e um ambiente colorido que fascinou as crianças no teatro lotado. De novo: o momento do banho foi o mais bonito. Duvido que alguma mãe ou pai não vá se lembrar disso quando a próxima birra de “não-quero-tomar-banho-agora” chegar.