SUPER NADA

Cartaz do filme SUPER NADA
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Opinião

É “super” e é “nada” ao mesmo tempo. Curioso este título, que se ganha outros significados ainda mais profundos quando pensamos na contextualização do filme. O Super Nada é um daqueles programas de humor de televisão em formato antigo, absolutamente ultrapassado e batido (algo com A Praça é Nossa e Zorra Total), mas que ainda têm uma audiência fiel. Entre os espectadores que ainda assistem, está Guto (Marat Descartes, também de Trabalhar Cansa, Os Inquilinos) um ator sem oportunidade, assim como foi mostrado no bonito filme Riscado, premiado em Gramado em 2011.

Enquanto Guto idolatra Zeca, o protagonista do programa na pele de Jair Rodrigues, tenta arranjar um emprego mais rentável, faz de tudo para se estabelecer na profissão de ator, estabilizar-se financeiramente. Entre um apartamento remendado, dificuldades de pagar as contas, encenações baratas na rua, aulas de dança com sua namorada Lívia, é um pai amoroso e um bom sujeito. Aliás, vale dizer que a figura de Marat Descartes está intimamente ligada a esse retrato da classe média que trabalha, dá um duro danado, coloca a família em primeiro lugar, é honesta, mas não tem oportunidade (nem sorte) de ter uma vida melhor. Vale a pena conferir Trabalhar Cansa e Os Inquilinos para entender que retrato é esse. Em Super Nada, não é diferente.

Até que o ritmo do filme muda quando Guto tem a oportunidade de fazer um teste para contracenar com Zeca no programa humorístico Super Nada. É a chance da sua vida e a virada do filme. A entrada de Jair Rodrigues em cena desestabiliza não somente o ritmo da primeira metade, mas também o personagem de Guto, que fica na beira do que pode ser “a perda do juízo” e a resposta do público. Lembrei imediatamente do clima de decisão no filme É Proibido Fumar, quando Glória Pires toma um rumo que muda todo o filme.

“Escolhemos Jair Rodrigues porque era importante ter alguém com que o público se identificasse”, diz o diretor Rubens Rewald em entrevista coletiva.”Trabalhar com Jair Rodrigues foi um desafio. Ele tem uma agenda de shows apertadíssima e improvisa a todo momento”, diz Rubens. E dá pra perceber. Apesar de ele, Jair, também já estar bem longe de seus tempos áureos, continua com uma plateia cativa. Assim como o Super Nada. Seria uma analogia à baixa qualidade da televisão brasileira, a um público que idolatra aqueles que na verdade não representam nada de muito profundo? Isso não demérito, é fato em todo o mundo. E essa é a brincadeira do filme, sem menosprezo, pelo contrário. “É sobre a indústria dos meios de comunicação, sempre com uma postura ambígua e sobre a ideia de decadência da televisão brasileira”, lembra o diretor. Acho que Rubens Rewald consegue tratar com humor inteligente ao universo real e imaginário brasileiro. Sem falar que Marat Descartes é fundamental para que isso acontece de uma maneira verdadeira e genuína.

Nos cinemas: 15 de março

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