MULHER DO PAI

Cartaz do filme MULHER DO PAI

Opinião

Não se trata de uma mulher específica. Qualquer uma, todas. A mãe, a filha, a próxima namorada. Num clima de pouca afetividade e de muito isolamento, tanto físico quanto emocional, são os detalhes que recheiam os corações. O tear, as ervas, o mate, a argila. São os elementos vivos que alimentam as relações frias e desgastadas. Um amor construído, assim como parece que sempre deve ser.

Nalu tem 16 anos, mora em uma vila perto da fronteira com o Uruguai, isolada e pacata. Vive com o pai e a avó, mas não se relacionam, apenas coabitam. Nalu quer voar, quer se descobrir fora dali, descobrir sua sexualidade e liberdade em outro lugar.

Mas a vida muda de repente, sua avó morre e ela tem que cuidar do pai (Marat Descartes, também em Quando Eu Era Vivo, Trabalhar Cansa) cego. Nalu ainda quer se encontrar, namorar, conhecer a cidade grande, ver outras coisas. Precisa construir sua autoestima com as relações que tem disponíveis, e é aqui que entra a construção e transformação do filme.

Delicado, repleto de simbologias da memória afetiva do campo, do resgate das origens da terra e da essência familiar que, mesmo às avessas, é o que traz segurança para fazer escolher e seguir adiante. Mulher do Pai me emocionou profundamente. Lindo filme da diretora Cristiane Oliveira. Me fez lembrar logo de cara o também singelo e sincero Histórias que Só Existem Quando Lembradas, de Júlia Murat. O resgate do simples, do essencial, que constrói o complexo que são as relações humanas.

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