SOFIA

Cartaz do filme SOFIA

Opinião

Por Suzana Vidigal

Num primeiro momento, sentados à mesa, ficamos na dúvida de como se dão aquelas relações familiares. A jovem Sofia passa mal e desconfiar da gravidez é chover no molhado. Junto com a saga da garota vêm a chave das relações na sociedade marroquina contemporânea, regidas pela tradição, pela sociedade patriarcal, pelo casamento.

Assim como outros filmes trazem a realidade da mulher muçulmana nos dias de hoje, Sofia se ancora nas escolhas diferentes que duas irmãs fazem com relação ao casamento. Conseguir um marido fora das famílias tradicionais do país parece ser a chance de uma vida mais próspera – muito embora isso não tenha nada que ver com felicidade. Os mundos europeu e africano se contrapõem, numa difícil engrenagem, emperrada na tentativa de fazê-la funcionar com harmonia. No fundo, o que importa é não perder a honra – e, em caso de perda, fazer qualquer negócio para recuperá-la.

Impactante, Sofia é forte pelo elenco feminino das quatro mulheres que lideram a trama (com Lubna Azabal, também em Incêndios). Apesar da sociedade machista, são elas que dão o tom. E bem forte.

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