SALVADOR

Cartaz do filme SALVADOR

Opinião

Salvador chegou em minhas mãos por um garimperio de plantão e valeu a pena.  O filme, baseado no livro do jornalista catalão Francesc Escribano (Cuenta atrás: La historia de Salvador Puig Antiché) é muito instigante para quem se interessa pelas questões relacionadas à ditadura, repressão, movimento de resistência jovem, violência e suas cicatrizes – interessante para nós, brasileiros, que temos também a marca dos “anos de chumbo”. Fala-se aqui da ditadura de Franco, que durou 36 anos na Espanha, através de uma história real. Merece por isso um apreço especial.

Salvador Puig Antich (Daniel Brühl, também em Bastardos Inglórios) é militante catalão, assaltante de banco e anarquista, integrante do Movimiento Ibérico de Liberación. Nascido em família de classe média de Barcelona, opta pela luta armada contra a ditadura franquista, usando os assaltos a banco como instrumento de financiamento das ações do grupo. Ao voltar do exílio na França, alguns integrantes são presos numa emboscada. Salvador mata um guarda civil, é preso, condenado à pena de morte por garrote (técnica  de tortura medieval em que o condenado tem a coluna rompida, mas não morre imediatamente) e assassinado em 1974, aos 25 anos.

Acho interessante acompanhar esses filmes que fazem referências àquilo que acontecia em outro país, como por exemplo no Chile daquele ano de 1973 com a morte de Allende, o golpe de Pinochet e a instauração da ditadura. Ajuda a nos situar no tempo e espaço e a refletir sobre esses movimentos que tem suas claras influências em outras partes do mundo. Vale também notar a relação do carcereiro com Salvador, seus questionamentos e o lado humanista de toda a história.

Não é só pelo viés político e social que o filme vale a pena. Toda a conjuntura famliar é fortemente impactada, o que é transmitido através de suas irmãs com muita intesidade. Sem falar na crueldade da morte de Salvador propriamente dita. E é o seu impacto na Espanha, e na Europa como um todo, que ajuda a por um fim à pena de morte naquele país.

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