POLLOCK

Cartaz do filme POLLOCK

Opinião

“Pinto no chão. Os antigos já faziam isso. Uso pincel, mas ele não toca na tela. Não trabalho com acidentes. Não acredito em acidentes.” – Pollock

Semana passada (edição de 15 de junho) a revista Veja publicou uma reportagem sobre uma menina russa de 4 anos, que já expõe suas obras de arte em Nova York. Com a exposição exclusiva The Prodigy of Color na Agora Gallery, em Chelsea, Aelita Andre brinca com as cores e consegue resultados abstratos realmente harmônicos e bonitos. Se você tiver curiosidade de entrar no site da galeria, verá que todos os quadros já foram vendidos. Claro que é preciso gostar do gênero – e não é isso que eu pretendo trazer à tona aqui. O que me chamou a atenção é a semelhança com a técnica empregada pelo famoso artista plástico Jackson Pollock (1912-56), que nos anos 40 e 50 firmou seu nome no mundo das artes com suas telas de expressionismo abstrato. Com as cores e a intuição como instrumentos, Pollock e a pequena Aelita deixam uma marca registrada, cada um a seu modo.

O filme Pollock mostra a trajetória intensa desse sujeito desregrado, alcoólatra e vanguardista. Da intensidade da vida, colheu relacionamentos tempestuosos, amizades fiéis e instáveis, e a morte da produção e da vida de forma repentina – mas esperada de alguma maneira. Da intensidade da obra, colheu o sucesso, o reconhecimento, a fama, mas o declínio por não conseguir manter-se de pé. Literalmente. Manter-se de pé para Pollock era um desafio. Sabidamente alcoólatra, Pollock (representado por Ed Haris, também em Caminho da Liberdade) diz que sua obra expressa os desejos contemporâneos daquela era. “O que me interessa são os pintores que não procuram uma fonte de inspiração fora deles mesmos”, diz ele. “Ela vem de dentro.

Parece que a arte moderna não consegue expressar esta era do avião, da bomba atômica, do rádio com nenhum das antigas formas de expressão, com a Renascença ou outra cultua antiga.” Daí a criação de uma nova forma de fazer arte, sem formatos, parâmetros ou regras, através do que ficou conhecido como “action paiting” – um processo de criação com ação, interação e espontaneidade através da técnica do “dripping”, o respingar da tinta sobre a tela, sem o uso de pincel ou cavalete. E mais, Pollock pisava na tela, deixando bem claro que o pintar fizia parte integrante da obra.

Quem quiser conhecer mais sobre esse processo de criação, Pollock é um filme interessante. As cores vivas e quentes do artista inspiram a urgência da reviravolta na arte daquele tempo. Goste ou não, parece que ele serviu de inspiração para prodígios mais contemporâneos.

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