PAIS E FILHOS – Like Father, Like Son
Opinião
O Filho do Outro, de Lorraine Levy, conta uma história parecida. Enquanto esse filme israelense marca o extremo da intolerância presenteando duas famílias, uma palestina e outra israelense, com a notícia de que seus filhos foram trocados na maternidade, este japonês não trabalha nessa envergadura, mas põe em cheque a capacidade – e vontade – de duas famílias de classes sociais e dinâmicas diferentes de se relacionarem. Dois bebês são trocados na maternidade e seus pais têm que pensar o que fazer com a nova realidade.
Sensível e tocante, Pais e Filhos é do mesmo diretor do bonito O Que Eu Mais Desejo. Mas agora ele se supera, na sensível construção de duas famílias distintas, que precisam achar uma maneira de conviver já que os filhos estão em casas trocadas. Uma das famílias tem uma relação fria com o filho único, um pai que coloca o trabalho em primeiro lugar e vive em um mundo onde aparentemente tudo é perfeito, daqueles bem engessados; a outra família é mais simples, tem menos dinheiro, mas tem mais filhos, interação e visivelmente é mais feliz. É um retrato interessante do despojamento contra a rigidez, da flexibilidade contra a intolerância a mudanças. Uma metáfora bonita do que realmente somos, versus aquilo que a sociedade espera que seja exibido.
Pais e Filhos levou o Prêmio do Júri em Cannes, foi nomeado para a Palma de Ouro e levou muitos outros mundo afora. É muito sugestivo mesmo. Rende conversa, faz refletir e mais, faz dar a devida importância às coisas e relações da vida. Diante de tanto poder regendo nossas vidas, fica muitas vezes difícil encontrar o caminho do meio. Com o toque oriental, fica ainda mais interessante.
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