DEPOIS DA TEMPESTADE – After the Storm

Cartaz do filme DEPOIS DA TEMPESTADE – After the Storm

Opinião

O cinema do cotidiano me parece o mais difícil. Sem os artifícios ou imaginação a perder de vista, fazer um recorte da vida comum, de pessoas normais, cheias de conflitos e questões, é o que o diretor Hirokazu Koreeda sabe fazer de melhor. Dessa prateleira são também Nossa Irmã Mais Nova, Pais e Filhos e O Que Eu Mais Desejo – todos uma só poesia.

Por isso são iguais, mas diferentes. Iguais porque trazem o dia a dia: problemas com dinheiro, trabalho, filhos, casamento, pais. Problemas com a cidade, com o transporte, com a frustração, com a tristeza. Diferentes, porque se completam. Eu diria até que, com este quarto filme, Koreeda fecha o ciclo: consegue falar das questões universais principais que, embora ambientadas no cultura japonesa, servem para qualquer sociedade, em qualquer tempo. Questões humanas e atemporais.

Aqui Koreeda fala dos pais que envelhecem, da difícil relação com os filhos quando o casal se separa, da busca da identidade no  mundo competitivo e exigente. Na perda do sonho, em prol do ganho da vida prática. Basicamente, fala da fase adulta, mas é mestre em inserir a expectativa infantil, o olhar menos viciado de quem espera afeto e compreensão. Com uma sensibilidade ímpar, Depois da Tempestade é sinal de que tudo passa, tudo anda. E que, embora seja banal – no sentido de ser corriqueiro – é profundo e transformador. Assim como nossa rotina. Transformadora. Basta olhar para ela.

Trailers

Comentários