O MORDOMO DA CASA BRANCA – The Butler

Cartaz do filme O MORDOMO DA CASA BRANCA – The Butler

Opinião

Assisti a O Mordomo da Casa Branca já há algumas semanas. De lá pra cá, tenho pensado como é boa essa história do mordomo que serviu na Casa Branca por mais de 30 anos e passou pelo mandato de nada mais, nada menos do que sete presidentes. Muito boa. O que não garante um filme muito bom. Pelo contrário, o desafio é enorme. A leitura de Lee Daniels é rasa e previsível, principalmente quando lembramos do que ele é capaz. É dele o intenso e profundo Preciosa – Uma História de Esperança. O Mordomo poderia ser muito interessante. Ou  pelo menos visualmente mais criativo e ousado. Pelo menos.

Digo isso porque O Mordomo da Casa Branca, interpretado muito bem por Forest Whitaker (também em O Último Rei da Escócia), não surpreende em nenhum momento. Parece novela de televisão. Talvez eu tenha ido com muita sede ao pote. Pode ser. Mas quando a história é muito boa, isso é inevitável. Aconteceu o mesmo em Jobs, que ficou aquém das possibilidades, tendo em vista a vida espetacular do criador da Apple. Mas tirando isso, a produção foi feita para agradar ao grande público e vai conseguir. Não tem complexidade, é auto-explicativo no quisito negros-racismo-direitos civis e tem alguns chamarizes que vão agradar como Oprah Winfrey, a esposa alcoólatra, e outros atores famosos como Jane Fonda e Robin Williams.

O mordomo de quem se fala é Cecil Gaines, que conta a história real de Eugene Allen (1919-2010), que realmente vivenciou e foi testemunha das andanças e decisões de sete presidentes americanos, de Eisenhower a Regan. Filho de escravos, vê seu pai ser morto e sua mãe estuprada em uma plantação de algodão quando era criança, aprende a servir como o negro da casa e depois de gramar muito por causa do racismo, consegue uma vaga como mordomo na Casa Branca. Daí não sai mais, passa a vida servindo aos brancos, enquanto seu filho se dedica a lutar pelos direitos dos negros e pelo fim do racismo. Toda essa antítese e construção da consciência negra americana culmina com a eleição de Obama.

Há quem diga que o filme é uma homenagem ao primeiro presidente negro e que não poderia ser mais tendencioso e nacionalista. Pode até ser. Mas acho que o final do filme está absolutamente condizente com o conjunto: previsível, feito para agradar e chamar o grande público. Se é pró-Obama ou não, isso é coisa que só uma boa novela será capaz de revelar.

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