O AMANTE DUPLO – L’amant double

Cartaz do filme O AMANTE DUPLO – L’amant double

Opinião

François Ozon tem uma sofisticação sem fim. No refino e na complexidade das relações, na teia que vai se embrenhando pelos personagens, suas ações e consequências. O Amante Duplo conta uma história, mas acima dela estão camadas e mais camadas de sutilezas, escolhas – do diretor e roteirista, e também dos personagens –, e finalizações amarradas. Inimagináveis.

Ozon faz filmes diferentes, mas todos eles contam com o subliminar e com aquilo que não se pode contar em palavras. É dele o lindo Frantz, o intrigante Uma Nova Amiga, sobre a transexualidade, o dramático Amor em 5 Tempos, sobre um casamento e seu fim, Dentro da Casa, sobre a literatura que mistura ficção e realidade. O que fica sugerido em O Amante Duplo ganha significado, a ponto de ser essencial para que a narrativa faça sentido. As histórias de Ozon não acontecem a partir da narrativa pura e simples, do concreto, dos fatos. Acontece porque seus personagens são profundos, interessantes, complexos. E, quase sempre, vão além da carne e osso – trafegam pelo imaginário, pelas questões que só a mente é capaz de elaborar.

Chloé é uma jovem que se mostra frágil, tem dores abdominais fortíssimas, que a medicina não consegue resolver. Imaginando que pode ser algo de fundo emocional, procura um terapeuta. Ela expõe seus seus medos, eles se apaixonam e o que era terapia, vira casamento. O que há de oculto no relacionamento vai transformando a relação em algo diferente, forte, perigoso. Ozon caminha pela território do suspense o tempo todo, deixando indícios sutis de como terminar o quebra-cabeça depois que as luzes se acendem. Muito mais do que interessante, a narrativa e o olhar do diretor são sofisticados. Sugerem o tempo todo, dando ao espectador um mosaico de possibilidades. Obra de mestre.

 

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