DENTRO DA CASA – Dans la Maison

Cartaz do filme DENTRO DA CASA – Dans la Maison

Opinião

Desta vez François Ozon segue outro caminho. Não é o casamento em frangalhos de Amor em 5 Tempos, nem a paródia de Potiche – Esposa Troféu. Também não tem o elemento surreal de Ricky, ou a melancolia de Refúgio. DENTRO DA CASA fala da criatura e do criador, do tanto que eles se confundem, tornam-se uma coisa só, seja a criação na área que for.

Quando se fala em literatura, então, o céu é o limite. Dizem que o papel tudo aceita, mas isso não é suficiente para Claude, um adolescente que não se contenta em escrever uma simples redação sobre seu fim de semana. Talentoso, resolve transformar Rapha, seu colega de classe, em seu personagem. Estimulado pelo professor Germain (Fabrice Luchini, também em As Mulheres do 6o Andar, Potiche), que já não aguenta mais ler redações pobres de espírito, criatividade e estilo, Claude investe na amizade com Rapha e vai retratando suas passagens pela casa do amigo em suas redações.

A história criada por Claude vai, pouco a pouco, se misturando com a realidade. À medida que o garoto ganha intimidade com a família do colega, sua presença perturba a ordem vigente, cria conflito, deflagra situações inesperadas e já não há como voltar atrás. Nem a relação de Germain com sua esposa Jeanne (Kristin Scott Thomas, também em Há Tanto Tempo que Te Amo, A Chave de Sarah, O Paciente InglêsPartir) se salva.

Gosto particularmente do tema da observação que Claude e Germain põem em prática. Tenho um pouco este hábito de observar pessoas desconhecidas e imaginar como é a vida delas, o que estaria acontecendo naquele exato momento. Momentos preciosos de ócio, quando a imaginação corre solta. Parece ser esse o passatempo predileto da dupla do professor e aluno, que extrapolam e geram um elemento novo a partir daquilo que é simples realidade aos olhos das pessoas comuns. É fonte de inspiração, a vida das pessoas de um modo geral. Aqui ela ganha um toque a mais com tamanha criatividade. Talvez DENTRO DA CASA tenha me interessando por eu ser do mundo das letras e do cinema, que nada mais contam que histórias de vida. De qualquer modo, gosto da maneira de Ozon de explorar o universo humano. E ousar caminhos.

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