Opinião

NÃO OLHE PARA CIMA já é top 10 e tomara que todo mundo assista. Chamariz não falta – tem elenco estrelado, como se Adam McKay estivesse jogando na nossa cara o seguinte: se nem com Leo, Cate, Meryl, Jennifer, Timothée a mensagem fica clara, estamos em maus lençóis de fato.

É fato. E o filme usa a sátira pra dizer que somos uma bomba relógio. Isso porque os cientistas Kate Dibiasky e Dr. Mindy descobrem que tem um cometa vindo em direção à Terra e que a colisão é inevitável. Vai destruir tudo. Desesperados, eles procuram as autoridades pra avisar – mas o governo americano quer tempo pra avaliar.

Mas não há mais brecha de tempo pra nada e aos humanos só resta esperar pelo mesmo destino dos dinossauros: a extinção.

Tudo isso pra dizer que, embora tenha a clara crítica ao pouco caso dos governantes quanto à questão ambiental e ao negacionismo científico – e a clara sensação de que “Inês é morta” -, fiquei pensando em outros pontos pertinentes que, confesso, me incomodam de um tanto nessa vida que, pra mim, eles fazem o filme ser ainda mais interessante.

NÃO OLHE PRA CIMA fala com força também:

_  do culto às celebridades, da vida pautada pelas redes sociais e, claro, pela vida dos outros;

_ do uso indiscriminado de medicação pra “ser feliz”;

_ das pérolas sobre comportamentos preconceituosos, sinalizando que o conceito de raça é raiz da maneira com que nos relacionamos com as pessoas e como mundo;

_ da confusão nas esferas pública e privada por parte dos governantes – eco no nosso Brasil de todo dia;

_ da primazia da lógica econômica acima de qualquer outra diretriz – doa a quem doer, aos cada vez mais pobres e injustiçados desse mundão;

_ da fábrica de produção de fake news – os tijolos da política marketeira que faz de tudo pra não cuidar dos cidadãos da sua pólis;

_ dos algoritmos que controlam nossas vidas, nosso consumo, nosso futuro, se houver!