MARGIN CALL – O DIA ANTES DO FIM – Margin Call

Cartaz do filme MARGIN CALL – O DIA ANTES DO FIM – Margin Call

Opinião

Um produto só se sustenta no mercado, seja ele qual for, porque tem comprador. Simplista, a lei da oferta e da procura. Com os chamados produtos financeiros, que escapam do entendimento da grande maioria das pessoas, não é diferente. Ainda mais quando eles representam a realização de um sonho de consumo, a compra da casa ou do carro, o status, a sensação de pertencer àquela sociedade. Se o mercado financeiro global não operasse da forma que opera, correndo riscos absurdos, colocando em jogo o equilíbrio da economia e da sociedade, talvez tivéssemos um mundo justo. Mas quem é que quer um mundo justo, afinal de contas?

É com esse raciocínio que um dos executivos do alto escalão de um banco de investimentos justifica a falta de responsabilidade dos arquitetos da crise de 2008. Os bancos compram e vendem aquilo que a sociedade quer possuir. E correm riscos, ganham fortunas e sabem que, no fim das contas, acabam se safando de bolsos bem cheios. O termo ‘margin call’ do título faz referência justamente à violação da margem mínima de segurança de um investimento. Trabalhar correndo altos riscos provoca, obviamente, uma oscilação absurda nessa margem e coloca tudo a perder da noite pro dia – literalmente.

Margin Call – O Dia Antes do Fim retrata justamente essa noite fatídica, antes da crise financeira estourar nos mercados do mundo inteiro em 2008. Além do elenco excepcional com Kevin Spacey (também em Beleza Americana, Quero Matar Meu Chefe), Paul Bettany (O Turista, A Jovem Rainha Vitória), Jeremy Irons (Beleza Roubada, Cruzada), Demi Moore (Amor por Contrato), Staley Tucci (Julie & Julia) e Simon Baker, o diretor J.C. Chandor é preciso no tom. Não vitimiza os mentores da crise. Assim como no ótimo Trabalho Interno, vencedor do Oscar de melhor documentário em 2011, também sobre o tema, deixa claro quem foram os autores da crise, que os culpados não sentem peso na consciência, que ganharam fortunas em bônus financeiros enquanto corriam riscos com o dinheiro das pessoas e que saem praticamente ilesos. Claro que nem todo o alto escalão pensa assim e ainda há gente ética – esse é o conflito do filme, muito embora defenda a tese nas entrelinhas de que todo mundo tem um preço. Mas para conduzir o barco dessa maneira e atender aos apelos consumistas do mundo, só mesmo trabalhando com a margem de segurança que só o dinheiro e a ganância são capazes de garantir.

Nos cinemas: 9 de dezembro

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