MARCHA DA VIDA – March of the Living

Cartaz do filme MARCHA DA VIDA – March of the Living
Direção:
Ano de lançamento:
Gênero:
Duração:

Opinião

A geração de crianças e adolescentes que passou pelos campos de concentração nazistas já não pode dar seu testemunho em peso. A maioria dos sobreviventes já morreu e aqueles que estão vivos já beiram os 70, 80 anos. Eles são as únicas testemunhas vivas do Holocausto. “Como os jovens vão lidar com os desafios quando não estivermos mais aqui?” Essa é a grande pergunta que não quer calar, feita por uma sábia sobrevivente.

Antes de assistir à Marcha da Vida, não tinha ideia de que havia um movimento parecido. Mas existe, desde 1988. Este documentário foi filmado durante a 20ª marcha. E pela organização e amplitude do projeto, parece que tem a missão justamente de se perpetuar no tempo, para que a memória das vítimas, o horror da solução final e a realidade palpável dos campos de concentração não sejam esquecidos, nem repetidos no futuro. O movimento Marcha da Vida foi criado por um grupo de jovens que resolveu refazer o trajeto entre os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau a pé, assim como era feito pelos judeus na Segunda Guerra. Como era um caminho sem volta, ficou conhecido como a Marcha da Morte. O que se faz hoje é uma caminhada pela vida, lembrando o passado, aprendendo com ele, mas também celebrando a vida e a criação da pátria Israel. Repetida todos os anos, hoje conta com mais de 10 mil participantes em todo o mundo e é feita justamente no dia de Yom Hoashoá, dia da lembrança às vítimas do holocausto. Como a marcha de hoje é também uma celebração, a viagem termina em Israel.

O documentário acompanha tudo isso. O interessante é que foca no depoimento de jovens brasileiros, americanos, alemães e no testemunho de quem viveu o extermínio em suas famílias e saiu do campo por milagre. São mensagens emocionantes e muito interessantes do ponto de vista da vivência, do aprendizado, da aplicação nos dias de hoje, do preconceito, da construção de um presente e um futuro mais tolerantes e fraternos. Quem já teve oportunidade de visitar um campo de extermínio, um gueto ou qualquer outro memorial ou museu que lembre a trajédia, sabe a emoção que é. Fico imaginando o que deve ser para um sobrevivente ou familiar buscar o nome de um antepassado entre os mortos, ver os milhares de objetos dos judeus armazenados, as câmaras de gás, os locais onde tudo aconteceu.

Entre tantas frases interessantes e tocantes, uma imagem me chamou especial atenção. Hoje a mata ao redor de Auschwitz está recuperada. Ao observar aquele verde, uma adolescente diz que nunca imaginou um campo de concentração assim, tão arborizado. Para ela, aquilo tudo tinha que ser cinza, sem cor alguma. Um sobrevivente dá a sua explicação: hoje é verde porque foi semeado com as cinzas dos judeus queimados nos fornos. É o auge da esperança que o ser humano é capaz de ter, apesar de tudo. Marcha da Vida ainda está em cartaz nos cinemas, mas não deve ser por por muito tempo. Portanto, não deixe passar.

Trailers

Comentários