Opinião

Auguste e Louis Lumière inventaram o cinema no final do século 19, em Lyon – registraram o que foi chamado de cinematógrafo em 1895. A partir daí, instrumentalizados com a ferramenta que iria fazer a nossa alegria e formar cinéfilos mundo afora, eles foram fazer cinema. Sim, filmaram. E filmaram muito. E muito bem. O primeiro foi chamado La Sortie de l’Usine Lumière à Lyon, que mostrava os operários da fábrica da família saindo do trabalho. Depois disso, não pararam mais e pode-se dizer que inventaram, inclusive, o enquadramento, o claro e escuro, a comédia, o humor.

Os Lumière fizeram centenas e centenas de curtas de 50 segundos – porque esse era o tamanho da película que existia na época. Parte deles, cerca de 100, foi restaurada sob comando de Thierry Frémaux, diretor-geral do Festival de Cinema de Cannes. Tão importante quanto as imagens é o texto de Frémaux, que casa perfeitamente com o espírito dos filmes, que resgatam imagens do cotidiano, do trabalho, da sociedade, do modo de vida daquele final de século. Ora improvisados, ora ensaiados, os curtas são registros perfeitos das imagens em movimento que mudaram a história do entretenimento e do resgate histórico.

Frémaux narra com um texto cheio de graça e leveza, que também existem nas imagens e nas experiências que são feitas com a nova arte que nascia. Faz uma compilação dos filmes, coloca em sequência aqueles que abordam o mesmo tema e monta uma narrativa pra viagem histórica. Imperdível – e memorável!