AMA-SAN

Cartaz do filme AMA-SAN

Opinião

Cláudia Varejão conta, em entrevista à um programa da televisão portuguesa, que quando ficou sabendo que havia mulheres mergulhadoras no Japão, que pescavam diariamente moluscos, principalmente abalone, sem equipamento, em apneia, há mais de 2000 anos, ela não acreditou. Foi pesquisar e o resultado é Ama-San – um documentário de observação, em que nem a diretora, nem a câmera interferem. Observam, deixando fluir, como vem sendo há séculos.

No passado, as Amas eram mulheres que iam ao mar pescar mariscos e ostras, enquanto seus maridos caçavam ou iam à pesca em alto mar por longos períodos. Tornaram-se mulheres autossuficientes e a tradição continua até hoje. Além do mergulho em si – que é belíssimo -, Cláudia repousa a câmera nos preparativos, nos detalhes da tradição das roupas que abre mão de equipamentos modernos, e na camaradagem entre elas fora da água.

Repousa, mesmo. Porque não tem pressa – e essa é a beleza do documentário. Ama-San quer mostrar a tradição em si da profissão, mas também o perfil das mulheres. Seu lado feminino. De todas as idades, não abrem mão de nenhum outro papel – fora da água são também mães, avós e esposas, amigas que compartilham os desafios de qualquer trabalho. O homem, aqui, é que segue o fluxo comandado por elas. Numa sociedade patriarcal como o Japão, conhecer personagens como elas é de fato incrível.

 

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