LE GRAND CHARIOT

Cartaz do filme LE GRAND CHARIOT

Opinião

Suzana Vidigal _ especial 73ª Berlinale

Pelo andar da carruagem, a viagem estava mesmo com os dias contados. Fundadores de uma companhia de teatro de marionetes, um patriarca e sua mãe mantêm a família unida com este trabalho, que é muito mais do que um ganha-pão. É no teatro que as duas irmãs, Martha e Léna, e o irmão Louis convivem intimamente e com harmonia, formando uma trupe animada, criativa, que tem no métier a alegria de viver. Acontece que a falta repentina do pai vai fechar as cortinas e trazer o luto necessário para a reestruturação da vida. Mas será às duras penas.

LE GRAND CHARIOT é um projeto familiar do diretor Philippe Garrel, que reúne seus três filhos para serem os irmãos no filme. Delicado, mostra os personagens em sofrimento pelas transformações necessárias, mas cada um à sua maneira. Em ritmos diferentes de aceitação, Martha, Léna e Louis vão desenhando suas personalidades e enfrentando a vida como podem. Só não será mais possível seguir na mesma carruagem. Basicamente é sobre mudanças inevitáveis quando já não há o mesmo comando na carruagem.

Mas não diz a que veio, embora não cause estranheza. Pelo contrário, fica no lugar comum, reforçando a clara chancela de que a família Garrel tem o privilégio de inscrever em competição um filme que está longe de valer quanto pesa. Os personagens secundários azedam a trama com inconsistência narrativa e pouco (ou nenhum) desenvolvimento; o que adoça é a química entre as irmãs. Mas está longe de ser páreo para o Urso. Assim espero.

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