GOODBYE SOLO

Cartaz do filme GOODBYE SOLO

Opinião

Prêmio da Crítica Internacional no Festival de Veneza

“Por que nos Estados Unidos as famílias não ficam juntas? Não entendo isso. No Senegal, os mais novos cuidam dos mais velhos.”

Quando fui devolver o filme na locadora, a atenciosa recepcionista me perguntou se eu tinha gostado. E mais, se era, de fato, muito lento. Achei interessante a pergunta. Parece que ela já tinha ouvido falar que às vezes Goodbye Solo é um pouco repetitivo. Tanto melhor você saber disso também. Assim, já fica sabendo que terá de ter olhos para outros sentidos que não agilidade e ação.

O apelo do filme é basicamente a solidariedade de um rapaz senegalês. Solo é taxista, procura melhorar de vida concorrendo a uma vaga como comissário e é casado com uma mexicana. Embora sofra com as complicações por que passam os imigrantes, tenta ser solidário com um passageiro, o severo, angustiado e solitário William. É um jogo contínuo de dar e não receber, de tentar se aproximar e ser repelido. Nada mais que isso. Mas se tiver um pouco de paciência, vai perceber a sutileza da relação e a ação gratuita para com o outro.

Talvez por isso o filme esteja falado na locadora como “parado”. As relações muitas vezes são assim, não andam nem para frente, nem para trás. Ficam paradas no tempo. Se dois não querem, não há como avançar. Talvez seja uma metáfora da sociedade americana. Como disse Solo, os americanos não se juntam em família – coisa comum na África, em que os mais novos são cuidados e uma hora chega a vez deles de tomar conta dos mais velhos. Talvez seja uma metáfora da solidão, do vazio, do marasmo que é a vida sem o outro.

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