GAUGUIN: VIAGEM AO TAITI – Gauguin: Voyage de Tahiti

Cartaz do filme GAUGUIN: VIAGEM AO TAITI – Gauguin: Voyage de Tahiti

Opinião

Paul Gauguin está entre os artistas que morreram miseráveis e solitários, sem nem imaginar o valor que sua obra teria no futuro. Inquieto e descolocado dos padrões da sociedade europeia do final do século 19 – e da vida dos artistas naquele período impressionista -, o pintor chamado de pós-impressionista procura outros ares para criar e produzir. Gauguin: Viagem ao Taiti faz esse recorte, quando ele larga a mulher e os cinco filhos, a carreira e a sociedade francesa efervescente, e vai embora em busca de inspiração e natureza.

Não temos aqui uma biografia do pintor – o foco é o Taiti, seu mergulho na nova realidade, na vida nativa, na natureza exuberante. Gauguin é retratado sempre como um sujeito suscetível – à doença, ao temperamento explosivo, ao ciúme. Casa-se com uma garota – sim, ela tinha 13 anos e ele seus quase 50, e o que seria hoje pedofilia, no olhar do diretor Edouard Deluc é romance -, que vira sua musa para a produção com cores e formas tão características da sua obra. Gauguin (Vincent Cassel, também em Meu Rei, Cisne Negro) está no papel do colonizador que tenta se misturar aos nativos, falar sua língua, sumir do mapa – e some, inclusive quando suas esculturas são copiadas e vendidas nos mercados locais, e ele padece na doença e na miséria.

Interessante a versão desse europeu fragilizado na colônia francesa. Gauguin: Viagem ao Taiti é muito mais um recorte do homem que ele possa ter sido, das suas máculas – mais do que do pintor em si. O que faz falta, embora faça parte, também, escolher momentos da trajetória de um artista, para que a biografia não fique uma colcha de retalhos.

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