ENTRE SEGREDOS E MENTIRAS – All Good Things

Cartaz do filme ENTRE SEGREDOS E MENTIRAS – All Good Things

Opinião

É uma boa história – ainda mais considerando a fonte de inspiração. Aconteceu em Nova York nos anos 70. David Marks (Ryan Gosling, também em Namorados para Sempre, Amor a Toda Prova) é o herdeiro de um magnata do setor imobiliário (Frank Langella), mas não quer fazer carreira na empresa do pai. Apaixona-se pela doce Katie (Kirsten Dunst, também em Melancolia), tenta viver no interior e ter uma vida tranquila com a esposa vendendo alimentos orgânicos na loja chamada All Good Things, título original. Uma referência interessante da simplicidade e naturalidade como sendo as boas coisas da vida (a adaptação para Entre Segredos e Mentiras fica bem aquém desse significado).

Mas a vida mansa não dura, ele acaba se rendendo aos apelos do pai e vai trabalhar na sua empresa. Avesso à formação de uma família, estranho nas atitudes e enigmático no olhar, David constrói uma vida cheia de mistério, justificada pelo suicídio da mãe e pela pressão que sofre do pai. A relação degringola, culminando no desaparecimento de Katie. Até hoje o caso não foi solucionado, mas já de cara sabemos que é David quem vai a julgamento porque é ele, mais velho (esquisita, a maquiagem…), que presta depoimento sobre o sumiço de sua esposa em 1982.

Como é que ninguém descobre? Interessante. Temos um caso de sumiço bastante recente no Brasil, em que a ausência do corpo impede a continuidade das investigações – o caso do goleiro Bruno. Katie desaparece em meio a uma situação de extrema tensão. Já não confia no marido, estranha seu temperamento, seu passado, suas atitudes. Teme pela sua vida, pela sua integridade. O clima de suspense cresce e a construção do medo, do descontrole e obsessão de David deixa claro que algo vai sair do controle. Lobo em pele de cordeiro, é a impressão que dá. Mais um daqueles psicopatas do cinema, implacáveis e cínicos. A trama é boa e a história aconteceu. Gosto da maneira como o diretor Andrew Jarecki conduz os atores e a dupla Ryan Gosling e Kirsten Dunst funciona bem. Conta o essencial e deixa em aberto aquilo que não se pode provar – mas que é mais do que sabido.

 

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