EDUCAÇÃO – An Education

Cartaz do filme EDUCAÇÃO – An Education

Opinião

É bem verdade que o tema é algo conhecido: uma garota de 16 anos se apaixona por um homem bem mais velho e se encanta com a possibilidade de entrar em uma vida já pronta e estruturada, longe da mesmice da escola e bem perto da boa música, da comida sofisticada, dos bons filmes, de Paris. Mas também é verdade que o cinema está cheio de histórias parecidas, assim como a vida real. Afinal, as histórias todas se repetem.

No entanto, há algo em Educação que o faz bonito e sensível. A começar pela construção de uma época. Tudo se passa em Londres, no início dos anos 60, antes do advento dos Beatles e dos Rolling Stones – portanto ainda o ambiente severo e sério do pós-guerra, com a juventude comportada e atada às amarras tradicionais. Jenny (Carey Mulligan, atriz revelação) curte tudo o que é francês: arte, música, literatura, a própria Paris. É educada em uma escola rígida para meninas (a diretora é Emma Thompson, também de Em Nome do PaiTinha que Ser Você; a professora é Olivia Williams, também em O Escritor Fantasma) e tem como objetivo entrar em Oxford – também para contentar seu pai, que vive contando o quanto investiu na sua educação. A composição de todo esse ambiente da escola e da casa, o figurino, a trilha sonora e a fotografia são realmente muito bonitos e bem cuidados.

Interessante a abordagem da diretora dinamarquesa Lone Scherfig. Toda a argumentação de David (Peter Sarsgaard) para conquistar Jenny gira em torno do mundo cultural de Londres daquela época: leilões, restaurantes, jazz, concertos clássicos, literatura, viagens. É através desse panorama que eles se conhecem e que a relação segue o seu rumo, em contraposição à educação formal e à escolha do caminho mais longo de estudo e trabalho. Passeamos no filme pelos ambientes chiques da época, pela transformação de menina em mulher, pela bela atuação de Jenny e David. Que convencem, constroem a trama e o romance com sensibilidade e leveza. Além, é claro, de ter uma boa pitada da alma inquieta e inconformada de adolescente, que não sabe que caminho tomar, que contesta tudo e todos. Talvez seja essa passagem da adolescência para a vida adulta, em que já somos inteiramente responsáveis por nossas escolhas, o grande charme do filme.

 

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