DIOR E EU – Dior and I
Opinião
Mesmo para quem não se envolve com o mundo da moda, Dior e Eu vale o ingresso. Mostra os bastidores de um desfile, mas nada ali é um “qualquer”. Estamos falando da Maison Dior, daquele que foi nomeado para substituir o inglês John Galliano depois do escândalo causado pela declaração de que “amava Hitler”, da capacidade de criar uma coleção, liderar uma equipe e planejar não só um desfile, mas seu début no mundo da alta costura diante dos olhos do mundo. Não é pouca coisa e não é para qualquer um. Portanto, goste você de moda ou não, dê uma espiada no que este jovem e talentosíssimo estilista foi capaz de fazer em meras oito semanas de trabalho.
Honesto e fiel, Dior e Eu não é um filme oficial da Maison, mas seus dirigentes não vetaram momentos em que o diretor Frédéric Tcheng mostrou a faceta dura e inflexível do líder Raf Simons, um estilista belga que nunca tinha pisado no mundo da alta costura, estava acostumado a criar coleções de prêt-à-porter e tinha sobre ele todos os holofotes do planeta da moda mundial. Mas também não vetaram seu desabafo final, sua euforia e emoção ao ver o projeto concretizado com sucesso.
Pouquíssimo tempo, nenhuma intimidade com o processo de produção, nem com sua equipe. Por outro lado, toda a liberdade para construir sua imagem na casa em que seu criador, Christian Dior, trabalhou somente por 10 anos (1947-57) e deixou um legado inquestionavel de elegância, delicadeza e beleza, no pós-guerra em que a mulher era uma mulher-soldado. Ele devolve a figura da mulher-flor em seus vestidos, resgata a feminilidade. Simons tinha esse legado como referência, esses dez anos revolucionários para criar algo dinâmico, com toque pessoal e contemporâneo.
Outros filmes sobre moda surgiram recentemente, inclusive dois sobre a trajetória de Yves Saint Laurent (Yves Saint Laurent e Saint Laurent). Chanel também tem um filme com Audrey Tautou, Coco Antes de Chanel, e outro chamado Coco Chanel & Igor Stravinsky, mas todos são obras de ficção. O bacana aqui é que Dior e Eu é um documentário, pelas mãos e olhos do diretor francês Tcheng, que já tinha registrado o mundo da moda em Diana Vreeland: The Eye Hás to Travel e Valentino: The Last Emperor. Parece que pegou mesmo o jeito da coisa, além, é claro, de ser um colírio para os olhos.
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