Opinião

Leonardo Sbaraglia se desnuda em CORAÇÃO ERRANTE de uma forma impressionante. Em todos os sentidos. Ele é Santiago, um homem amargurado e deprimido, que já perdeu o companheiro para o vício, que não consegue se relacionar de maneira estável e construtiva com a filha, Laila, que enfrenta dilemas fundamentais da vida contemporânea. Um drama humano, permeado por questões universais que, de uma forma ou de outra, passam por todos nós.

Sem precisar falar diretamente, o diretor Leonardo Brzezicki fala da homofobia e do preconceito, da saúde mental, da dependência química. Questões de relacionamento surgem manchadas por esses comportamentos, que vão dando o formato disforme para a vida – que teima em não entrar os eixos.

A trajetória de Santiago com a filha, a ex-mulher, o ex-companheiro passa também pelo Brasil, mas isso é detalhe. O importante no filme é que visualizar a cura passa por questões do passado, por aceitação e rejeição, por relações de afeto ou não quando crianças. Tudo isso tira a forma de relacionamentos que poderiam construir sua própria maneira de ser. O desfecho pra construir esse pensamento é lindo e passa pela infância – aqueles anos de ouro que tanto formam quem somos.

Que fique bem claro: se Sbaraglia, não haveria filme. É ele o grande ator argentino da atualidade, que não teme em sair da zona de conforto e lá ficar.