COLEGAS

Cartaz do filme COLEGAS

Opinião

O projeto é de inclusão social, afinal os três protagonistas são portadores da Síndrome de Down, o que criou uma dificuldade extra na captação de recursos. Foi com essa explicação que o diretor Marcelo Galvão começou sua entrevista no Festival de Gramado do ano passado, quando Colegas foi exibido pela primeira vez. “A ideia é que não fossem vistos como deficientes, mas muitas empresas não querem ver seu nome associado a portadores da síndrome”, relata. Pelo tom do seu discurso, a dificuldade não foi dirigir os garotos, filmar na Argentina, fazer o take de helicóptero ou encontrar a plantação de girassol para invadir. Foi o preconceito.

Apesar dessa complexidade, o que Galvão propõe é entretenimento. Depois de uma extensa campanha do filme mundo afora, a ideia é que você se divirta, assista ao filme deixando de lado as diferenças, focando na aventura e nas qualidades do elenco. Colegas me lembrou logo de cara o filme belga Hasta la Vista, Venha Como Você É, em que 3 jovens deficientes fogem da casa dos pais e partem em uma aventura na Espanha. Fala também sobre suas próprias limitações com humor e inteligência.

Assim como os belgas, os 3 amigos de Colegas se inspiram no road movie Telma & Louise, “pegam emprestado” o carro do diretor do instituto onde moram na calada da noite e partem em uma aventura. Assim mesmo, intuitivamente. Stalone (Ariel) sonha em ver o mar, Aninha (Rita) quer se casar e Márcio (Breno) deseja voar. Buscando realizar esses desejos, armam confusão por onde passam, atormentam os policiais que não conseguem capturá-los, criam um frenesi na mídia sensacionalista, que os chama de “bandidos perigosíssimos”, e divertem a plateia com referências cinematográficas.

Apesar de Colegas ter um certo tom de ingenuidade no enredo, cumpre bem o seu papel. Além de ser entretenimento, como disse o diretor, expõe a questão da Síndrome de Down sem vitimizar ou ressaltar suas limitações. Tira a máscara da vergonha que muitos vestem e escancara sua condição de ser apenas diferente. Rende uma boa conversa com crianças e adolescentes. Afinal, eles são a geração futura que vai fazer a diferença na inclusão dos portadores desta e de qualquer outra deficiência na nossa sociedade.

Nos cinemas: 1 de março

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