CAMINHO DA LIBERDADE – The Way Back

Cartaz do filme CAMINHO DA LIBERDADE – The Way Back

Opinião

“A bondade pode matá-lo num lugar como este.” – conselho de um prisioneiro do gulag russo a um colega recém-chegado

O crime daquelas pessoas aprisionadas nos campos de trabalho forçado da antiga URSS, os chamados Gulags, era trivial. Bastava discordar com Stálin para ser enviado ao fim do mundo. Os gulags ficavam em lugares ermos, de condição climática extrema – tome como parâmetro a Sibéria – para que não houvesse sobreviventes. A partir de 1917, essa era uma das maneiras de inibir, aterrorizar e silenciar quem ousasse discordar. Caminho da Liberdade conta a história de sete prisioneiros, sua trajetória em busca da vida e da sobrevivência. Não havia espaço para bondade – conforme lembra o prisioneiro americano Ed Harris (também em Pollock). Era cada um por si. Mas quando se trata de uma fuga em grupo, tudo muda de figura.

Embora não seja nada fácil imaginar essa travessia pensando nos dias de hoje, imagine em 1940. Em plena Segunda Guerra e sob o rigorosíssimo regime de Stalin, os prisioneiros não têm outra escolha a não ser buscar um território neutro, que não seja socialista e não esteja em guerra. Traçam uma linha reta imaginária na direção sul e, guiados pelo bom senso, pelo sol e pela geografia, enfrentam o frio extremo da Rússia, o calor extremo do deserto da Mongólia, até cruzar o Himalaia no Tibet e chegar em solo indiano.

Somente com este breve relato você já pode imaginar o teor do filme. Mostra uma trajetória de superação, privação, sofrimento e determinação, com um pano de fundo de uma fotografia espetacular. Baseado no livro homônimo do escritor polonês Slavomir Rawicz, em que ele conta que era um dos sete prisioneiros que percorreu os 6.500 km para se salvar do Gulag e da morte, Caminho da Liberdade é uma história e tanto. Daquelas que seria sensacionalista se não fosse bem produzida, se não fosse capaz de mostrar a faceta cruel e solidária, doadora e egoísta, desconfiada e inocente do ser humano. Gosto do filme se for para imaginar que é ficção – tem o viés da arriscada aventura, que é emocionante e não nos deixa tirar os olhos da tela; gosto do filme se for para acreditar que o polonês realmente passou por tudo aquilo – se for mesmo, é pura história humana. E quem somos nós para não acreditar?

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