CAMILLE CLAUDEL, 1915

Cartaz do filme CAMILLE CLAUDEL, 1915
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Opinião

Camille Claudel teve uma vida apaixonante. Não que tenha sido fácil. Pelo contrário. Escultora talentosa, ficou mais conhecida por ter sido aprendiz e amante do famoso Auguste Rodin, na Paris efervescente culturalmente do final do século 19. Sua cumplicidade com o escultor, tanto no perfil de suas obras, quanto na vida amorosa, acabaram levando-a à loucura. Foram 30 anos em um manicômio, até morrer sozinha aos 79 anos.

A vida de Camille é uma novela por si só. Já é uma história em tanto: talentosa enquanto escultora, numa época em que as mulheres eram donas de casa e esposas; ambiciosa enquanto profissional, em uma época que mulher não tinha vez; apaixonada por Rodin, quando o escultor já tinha uma companheira e optou por não deixá-la; dominada pela mágoa e pelo ciúme, quando achava que Rodin copiava e roubava suas obras. Camille causou um reboliço no meio artístico parisiense, mas depois de romper com Rodin, isolou-se em seu ateliê, tornou-se agressiva e terminou sendo internada pela família em um hospício, onde ficou até a morte.

A primeira parte da vida de Camille, até o seu isolamento no ateliê, vale ser visto no filme Camille Claudel, de Bruno Nuyteen (1988). Belíssimo, com Isabelle Adjani e Gérard Depardieu, reconstitui a época em que se conhecem, em que Paris recebe a Exposição Universal em 1900 e em que ela está descontrolada e solitária. O que acontece depois é o que conta este filme de Bruno Dumont (também de O Pecado de Hadewijch). Mostra Camille, magistralmente representada por Juliette Binoche (também em De Coração Aberto, Elles, Aproximação, Cópia Fiel, O Paciente Inglês, Horas de Verão) no manicômio no sul da França, sempre à espera da visita de seu irmão e poeta Paul Claudel, sua grande referência, sempre na esperança de que a tirasse dali.

Binoche está espetacular, no seu olhar desesperado, no seu discurso perdido no tempo, como quem é perseguida, na ausência de perspectiva para voltar a criar e viver. Naquela ambientação fria dos hospitais psiquiátricos e nos tratamentos vazios, vemos Camille se esvaziar a cada dia. E é assim que ela acaba, depois de 30 anos de solidão completa. Lento, como devem ter sido os dias de Camille, o filme tem seu ritmo próprio. É preciso apreciar a atuação da atriz e conhecer um pouco da história da escultora para se sentir, ao menos um pouco, na pele desta Camille de Juliette. Por isso, minha dica para quem não conhece a vida da escultora: assista ao primeiro Camille Claudel, de Bruno Nuyteen. Além de ser um drama e tanto, terá mais chance de se deixar emocionar com a loucura angustiante da escultora na sua prisão particular, que começa bem antes de 1915.

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