AS PONTES DE SARAJEVO – Les Ponts de Sarajevo

Cartaz do filme AS PONTES DE SARAJEVO – Les Ponts de Sarajevo

Opinião

Este ano é o centenário do início da Primeira Guerra Mundial, que teve como gatilho o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do império Austro-Húngaro, em Sarajevo. O assassino era membro do movimento “Jovem Sérvia”, que pretendia terminar com o domínio da Áustria-Hungria sobre os povos eslavos (que incluia bósnios, sérvios e croatas), para enfim formar a Iugoslávia.

A partir desse fato, o mapa da Europa mudou para sempre, dando fim a milhões de vidas nas guerras que se sucederam, separando famílias, destruindo culturas e países, acirrando a intolerância religiosa. Partindo desta premissa, 13 diretores de diferentes projeções e nacionalidades foram convidados a rodar um curta, dando seu parecer sobre o tema, tendo a cidade de Sarajevo como centro, seja naquilo que ela representou, representa ou abriga como memória. Algo no estilo da séria Cities of Love (que já tem Paris, NY e Rio), só que alinhavado pelo traço do cartunista belga François Schuiten. O que seu desenho faz é unir o conteúdo de cada um dos diferentes olhares através das famosas pontes da cidade de Sarajevo, num interessante apanhado que une tristeza e guerra, (des)esperança e (in) tolerância – e até um certo humor negro. Na imagem acima, um grupo de garotos joga futebol e a bola cai no cemitério onde estão enterrados os cristãos sérvios e muçulmanos bósnios mortos na guerra. Um dos episódios mais tocantes.

Acho sempre interessante este recurso, ainda mais em um assunto tão complexo como esse, que mudou a história do século, produziu sérias sequelas culturais, sociais, familiares e religiosas e que tem, para mim, uma grande interrogação: a guerra na Bósnia nos anos 90. Um genocídio debaixo dos olhos de todos nós, em pleno coração europeu.

Para quem gosta de história e de explorar diferentes visões de um mesmo tema, vale seu ingresso. Sai do comum, abre a cabeça e faz refrescar a memória. Saí do cinema e uma mãe dizia para o filho, um jovem: “eu me lembro vagamente que teve mesmo uma guerra naquela região, lá pelos anos 90, bem quando você nasceu”. Pois é. É desse tipo de coisa que não dá para lembrar só “vagamente”. É por essas e outras que o cinema é memória fundamental.

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