WHITE GOD

Cartaz do filme WHITE GOD

Opinião

White God é daqueles filmes que produzem um misto de emoções. Ao mesmo tempo a gente sente pena, da menina que fica sem seu cachorro e único companheiro; compaixão, pelo cachorro que sofre; ódio, daqueles que o fazem sofrer; raiva, de um pai insensível; esperança, da menina Lili que nunca desiste. Forte e denso, tem uma ternura que destrói todo o universo da dureza humana e simplesmente acolhe. Não é à toa que levou o prêmio na categoria que eu mais gosto em Cannes: Un Certain Regard. Tem mesmo, um certo olhar, específico, sensível, metafórico e, ao mesmo tempo, muito real, da natureza humana.

E canina – por que não? Como deve ter sido difícil filmar a primeira cena do filme, em que Lili anda de bicicleta nas ruas desertas de Budapeste, seguida por uma verdadeira matilha de cães! Só dá pra entender no final e, se eu fosse você, não leria muito sobre o filme antes de assistir. Saber que Lili fica com o pai enquanto a mãe vai viajar, que eles não tem intimidade, que o pai se nega a ficar com seu cachorro e acaba soltando-o na rua, já é de bom tamanho. O que acontece depois, enquanto Lili tenta seguir com a vida, mas não consegue parar de pensar em Hagen (o cachorro que venceu a Palm Dog em Cannes) e resolve fazer de tudo para recuperá-lo, deve ser surpresa. Claro, para que o final seja sublime.

O diretor húngaro constrói uma metáfora sim, falando da questão da tolerância com as minorias, com as raças não puras, com os imigrantes. É e sempre foi uma questão na Europa e é interessante que ele faça isso com a relação entre seres humanos e cães. Mas, mais do que a metáfora em si, o que deixa de mensagem é a força que tem a escolha e determinação pelo caminho do afeto e da tolerância. Para se emocionar, com toda a certeza.

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