ANTES QUE O MUNDO ACABE

Cartaz do filme ANTES QUE O MUNDO ACABE

Opinião

“- Queria saber quanto tempo é um tempo?

– Um tempo é um tempo.

– Vou contar até cem.

– Então conta até mil.”

Diálogos entre namorados, dando um tempo…

Saí do cinema e atrás de mim havia três adolescentes. Uma delas comentou que este filme não se compara à As Melhores Coisas do Mundo. O adulto que as acompanhava disse que concordava, que os filmes eram bem diferentes, mas que um agregava valor ao outro.

Gostei do comentário e concordo que o filme de Laís Bodanzky é bem melhor. Acho também que um agrega valor e experiência ao outro, considerando as abordagens da fase adolescente, das dúvidas, descobertas, namoros, amizades, acertos e erros. Acho que são diferentes quanto à forma, mas não conteúdo. Ambos lidam com o questionamento e contestação da figura dos pais (seja a inclinação sexual, no primeiro, seja a ausência paterna, neste), mas sempre têm a família como alicerce; lidam com a figura do melhor amigo e, ao mesmo tempo, com a dificuldade de aceitação no grupo; com o sentimento de “estar apaixonado” ou “estar confuso”, com as sensações  contraditórias e com os acessos de fúria.

É mais uma leitura do mundo adolescente, de forma sensível e humana, só que desta vez mais simplória. Até pela atmosfera interiorada e campestre, pela dualidade “garotos bobos do interior” e “vontade de ir para Nova York  ou pelo menos morar em Porto Alegre”; até pela narração criativa da irmã caçula, e pelo mundo exterior mostrado pelas fotos enviadas da Tailândia. Tem essa atmosfera simples sem ser banal nem clichê. É um panorama real dos muitos pontos de tensão por que passa o adolescente (vale conferir outro filme brasileiro que também trata do tema, À Deriva). É realista, tem graça, bons atores e um desejo claro de retratar uma fase, e não de dar lição de moral.

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