A NOITE DO FOGO – Noche de Fuego

Cartaz do filme A NOITE DO FOGO – Noche de Fuego

Opinião

A NOITE DO FOGO do título está também na força do filme. Na metáfora do perigo iminente, as personagens estão praticamente sempre envolvidas no suspense do que poderá acontecer. Noite do fogo que arde dentro delas, diante da perspectiva da vida nesse vilarejo nas montanhas mexicanas dominadas pelos cartéis da droga, onde o único trabalho é a colheita da papoula e onde meninas tem que ter cabelos curtos pra não chamar a atenção dos sequestradores, que passam de casa em casa levando as meninas embora pra nunca mais voltar.

A NOITE DO FOGO conta a história de três garotas, que são criadas nesse vilarejo remoto onde as aulas na escola correm o risco de não mais acontecer porque o cartel cobra pedágio das famílias que, por sua vez, já padecem com a falta de recurso. As meninas se tornam adolescentes, testemunhamos os momentos de brincadeira em que há imaginação e um pingo de alegria entre elas, mas a vida é tensa demais. É um filme coming of age – daqueles que vemos a infância ficar pra trás pra dar espaço pra adolescência. Mas é também um filme sobre uma sociedade doente.

O olhar maduro e dramático de Tatiana Huerzo não gera conclusões, nem respostas. Expõe as mazelas de famílias reféns de criminosos, de comunidades fadadas à escravidão, de juventude sem esperança. E não termina por aí. A força feminina no trio de meninas e nas mães (que invariavelmente criam seus filhos sozinhas) é avassaladora, mesmo diante de milícias que espalham veneno pela montanha, de armas que circulam livremente, de trabalho infantil normatizado. De um potência impressionante.

 

Passou na Mostra SP e é o filme escolhido pelo México pra concorrer à vaga no Oscar de filme internacional; levou o prêmio Un Certain Regard em Cannes e Horizons, em San Sebastián.

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